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02/05

Crítica/Estou Sem Silêncio

 

Nityama Macrini

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Entre a experiência e a sensação

 

Isabella de Andrade

Com uma proposta diferente e quatro mulheres em cena, o espetáculo Estou sem Silêncio, da Quasar Cia. de Dança, é um dos escolhidos para encerrar o Movimento Internacional de Dança (MID) 2019. A coreografia foge ao estilo mais conhecido da companhia e dialoga com a experiência contemporânea de ser mulher. A performance delicada e cheia de nuances leva várias personalidades para o palco, questionando e experimentando as nuances e diferentes olhares sobre as mulheres.

Em cena, Gabriela Leite, Marcella Landeiro, Thais Natsuki e Isabel Mamede criam um emaranhado de experiências e sensações. A personalidade e a força vital de cada bailarina ficam evidentes ao longo de toda a coreografia e é possível experimentar diferentes fases e etapas da mulher contemporânea sob muitos olhares. Sensualidade, felicidade, tristeza, raiva. Diferentes emoções evidenciam desde a violência cotidiana até os mais elaboradores amores.

 

O espetáculo marca uma nova fase da Quasar, que influenciou e influencia bailarinos, artistas e coreógrafos por todo o país. A criação cheia de detalhes do coreógrafo Henrique Rodovalho coloca em evidência a colaboração criativa de cada bailarina. É possível perceber que a coreografia transita pela experiência emocional, social e sensitiva de cada artista. Estou sem Silêncio dialoga com importantes questões a respeito da presença social da mulher contemporânea e mostra a riqueza de personalidades e sentimentos possíveis entre elas.

 

Força, técnica, delicadeza e presença de palco são marcas registradas ao longo de toda a coreografia. A obra cria uma atmosfera onírica, quebrada apenas pelos momentos mais irônicos. Os ritmos são variados e cada movimento coreográfico ganha a própria nuance musical. É possível esquecer-se do tempo ao acompanhar as narrativas propostas, sem deixar de questionar os estereótipos sociais da mulher e, simultaneamente, sem deixar de se encantar pela força criativa das quatro integrantes da Quasar. Toda mulher é um universo de possibilidades.

A coreografia encerra de maneira forte e, ao mesmo tempo, delicada, sob meus olhares em relação ao MID, e mostra que dança pode ser um espaço intenso e eficaz para questionar espaços e propor novas ideias.

Isabella de Andrade é jornalista, atriz e escritora. Graduada em Comunicação Social e Artes Cênicas pela Universidade de Brasília, foi repórter de cultura por três anos no Correio Braziliense e arte-educadora no CCBB. Tem dois livros publicados e é idealizadora do projeto cultural www.ociclorama.com.

Estou sem Silencio
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