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Abertura da quinta edição do MID pôs a dança à boca da plateia 

Movimento Internacional de Dança reuniu, nas três apresentações, 555 pessoas. Festiva segue até 5 de maio

Alethea Muniz e Sérgio Maggio

Com João Vitor Tavares (estagiário) e Lidi Leão (agente cultural)

Fotos: Nityama Macrini

A noite de abertura da quinta edição do Movimento Internacional de Dança foi de reflexões e burburinhos sobre a dança. As três apresentações que batizaram o começo festival deixaram público e autoridades com o vocabulário dessa arte na ponta da língua. Havia que falasse de qualidade de movimentos, como peso, tempo e leveza, trazidos por Eduardo Fukushima (SP). Mas existiu também que problematizou questões como a força da presença dos corpos inter-raciais da Cia. Irene K da Bélgica.

 

Com 555 pessoas nas três primeiras das 55 apresentações, o MID promete alterar o status de Brasília nas próximas três semanas. Até 5 de maio, a monumental capital deixa de ser totalmente política para partilhar o universo sensível da dança. “O MID não é só para ver e apreciar. É para aprender, compreender e se transformar. Vem dançar com a gente!”, provocou Sérgio Bacelar, diretor-geral do festival.

Antes de ocupar os teatros para assistir às coreografias Murmures (Bélgica) e Título em Suspensão (São Paulo) no Espaço Cultural Renato Russo, a plateia, ouviu com atenção os pronunciamentos dos principais patrocinadores. Representando o Instituto Francês e a Embaixada da França, Alain Bourdon mostrou-se entusiasta do projeto. “O MID se engrandece a cada ano, reinventa-se e põe a dança bem pertinho de todos nós”. Tanto José Carlos Prestes (subsecretário de Fomento da Secretaria da Cultura do GDF), quanto Cláudio Motta (gerente de programação do CCBB) reforçaram que diversidade e democratização são dois pilares que fortificam a escolha do projeto como uma das apostas do Governo do Distrito Federal, por meio do Fundo de Apoio à Cultura (FAC), e do Banco do Brasil em suas políticas de patrocínio.

Público afetado

Com duas coreografias que propõem caminhos opostos para o espectador apreciar a dança, o MID estabeleceu pontes percorridas por um público diversificado. A produtora e dançarina Ivana Motta (foto ao lado) viu Murmures, da Cia. Irene K, e Título em Suspensão, de Eduardo Fukushima, enxergou frescores diferentes da dança. A primeira coreografia provocou-a pela diversidade de qualidades de movimentos (peso, suspensão) e a relação inter-racial do casal (bailarino negro, bailarina branca). A segunda mexeu com a sua memória afetiva. Ivana  já dançou ao lado de Fukushima e conhece em detalhes a sua preciosa pesquisa. “Dois trabalhos que me impactam de formas diferentes e provocam reflexões em dança. Esse é o papel de um festival.”

Título em Suspensão é um espetáculo para "todos aqueles que estão em solidão, para os que estão em luta, para os que vivem no limite, para os derrotados, para os que se sentem esquecidos, para os que vivem em suspensão”, explica o coreógrafo no programa.  Com 40 minutos de duração, o solo surpreendeu o público no final, que ficou na dúvida entre permanecer no teatro ou sair deixando o artista estático em cena. “A possibilidade de poder interagir com ele foi genial”, disse a estudante de licenciatura Ana Carolina Lira Silva, 19 anos. Ela se aproximou do artista e ficou diante dele até que deixasse o palco do Teatro Galpão. “Senti necessidade de interagir e vi que ele estava totalmente aberto para isso, depois tentei olhar no olho dele, não sei se estava esperando esse contato bem íntimo de olho no olho para sair dessa solidão, mas foi quando terminou a performance”, contou a estudante.

Inclusão e acessibilidade na Ceilândia

No Teatro Sesc Newton Rossi, a Composição Brasília permitiu que a plateia tivesse acesso de forma gratuita ao MID. O público viu Fracasso Coreográfico (Coletivo Ceda-si), Entre Esquivas (Raiz de Três) e Adágio para Oito (Cia. Contemporânea Noara Beltrami), com direito a bate-papo com os bailarinos e duas formas de acessibilidade: libras (surdos) audiodescrição (cegos) . "Apesar de não enxergamos os bailarinos, sentimos uma energia forte e positiva. A dança nos ensina muitas coisas”, destacou Ricardo José do Nascimento, deficiente visual e membro da Biblioteca Braille. Vindo com um grupo de artistas de Águas Lindas, Lucas Amorim, dançarino da quadrilha Buscapé, ficou encantado com as coreografias dos grupos do DF. “Abriu um novo horizonte de conhecimento em coreografias e movimento de expressão. O MID foi revelador”, comemorou (foto ao lado de Lidi Leão).

Acesse as fotos em: www.flickr.com/photos/movimentoid

 

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